quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Quem disse que a intenção é entender?

Já parei de tentar entender os absurdos da vida. Ou aqueles que julgamos absurdos. Estou naquela fase de acreditar que o universo conspira para que as coisas aconteçam. Nesse compasso eu vou caindo, levantando, tropeçando.

Se o bom da vida é dar a volta por cima, eu me curvei a técnica de dar a volta pelos lados. Muita coisa é insuperável, no entanto, você pode simplesmente relevar. Deixar num canto do quarto ou no fundo de uma gaveta qualquer.

Afinal de contas, não dá pra brigar sempre.

sábado, 13 de agosto de 2011

Confissão


Quero me retificar. Não que isso seja obrigatório de alguma maneira, é mais como uma necessidade. Durante  parte da minha existência, moldada pelo propósito de me esconder, preguei ideias tolas. No fundo, tudo bem, não tão fundo assim, sempre fui mesmo é uma baita romântica. Do tipo que chora, sofre, sonha, idealiza.

Cá entre nós, acho que o amor é que não foi muito meu amigo. Na verdade ele deve é ter me escolhido como alvo pra praticar buillyng. Caras com problemas, caras confusos, caras crianças, caras com outras, enfim. Nesse caminho torto creio ter cruzado com apenas 2 caras que bem podiam ter sido “o cara”. Mas aí eu é quem não fui “a mina” pra eles.

 Sempre culpei o universo por conspirar contra, por escolhas que no final das contas, sempre foram minhas. Obviamente, erradas em sua grande maioria. Escrevi tantas cartas de amor, sempre me julguei boa escritora. Só nunca percebi quanta bobagem escrevia até então. Destino? Talvez. Como não acreditar na única explicação plausível pro meu atual momento?

Sou protagonista de uma peça muito bem articulada pelo dito cujo aí. Ou quem sabe prefiro pensar assim porque se tudo der errado, no fim vou ter em quem colocar a culpa. Cinismo. Na minha fase dark costumava pregar que o amor era algo criado por pessoas covardes que não tinham coragem de enfrentar a vida sozinhos. Acredita nisso? Nem eu. Despeito puro. Sempre tive foi inveja, daquelas bem amarela, dos que não sentiam medo de sentir. Que andam por aí esfregando sua felicidade nas caras azedas pelo mundo afora. Quem diria. Hoje faço isso sem o menor remorso. Mudei argumentos, teorias, inspirações.

Esse texto é dedicado a um nome e sobrenome. Novidade? Pra quem me conhece não, notícia de jornal velho. Você é o único responsável, aceite sua culpa, não se defenda. Desde aquela noite, naquela calçada, aquela conversa, aquele olhar, sou uma patética defensora dos bons sentimentos.

Amor à primeira vista? Não, mais como irritação a primeira fala. Cá estou eu a proclamar, um cara de sorriso largo mudou tudo que eu teimava acreditar. Eis uma menina boba com um riso bobo pregado na cara. A mesma que escolhe nossa música centenas de vezes e suspira por estréias pra dividir um saco de pipoca no escuro do cinema.

Desculpa pela ousadia, e aos que ofendo, mas nada é mais gostoso que seu cheiro. No meu lençol, no travesseiro, em mim, nas roupas que displicente você espalha pela casa. Teimando em não guardá-las no armário, naquele espaço caprichosamente reservado. Claro, você sabe que espaço mesmo, tem na minha vida, na minha mente, na minha alma. Tem morado aqui com contrato de aluguel sem dia e hora pra acabar.

Você me irrita, e como irrita. Talvez seja a pessoa que mais me tire do sério e mais rápido me faça rir. Basta ver meus ataques de fúria seguidos de beijos, carinhos e abraços. O mestre. Ainda descubro seus truques. Felicidade virou sinônimo da sua presença. Aquela de corpo, calor, toque. Porque nos outros momentos, a lembrança ta sempre aqui. Quente, viva. Provavelmente seu ego ta gritando agora.

Dias atrás te dei a chave de casa, pra que se sentisse a vontade pra ir e vir quando quisesse. Coisa simbólica pra quem entregou muito mais. Justo eu, geminiana, que nunca pensou e muito menos quis dividir o banheiro, a cama, o sofá, o edredom. Sempre egoísta aprendi a compartilhar. O controle remoto, o copo de coca-cola, o pacote de alcaçuz, o pote de escovas na pia do banheiro. Quem acreditaria?Tenho muito o que te agradecer cara.

Por enxugar minhas lágrimas quando elas insistentemente rolam e molham sua camiseta. Quando brado as frustrações de não alcançar o que quero e me sentir pequena. Daí você vem, malandro, e me faz sentir gigante. Mesmo quando me irrito por você nunca dizer nada quando cismo em começar uma discussão fútil, agradeço fervorosamente. Sabe-se lá o que aconteceria se você resolvesse fazer o mesmo. Você apóia meus devaneios, meus planos furados, minha TPM. Aquela de todo final de mês, que me deixa chata, carente, brigona, volúvel.

Ah, confusão, tanta que já pensei em terminar contigo mil vezes em mil noites como essas. Ainda bem que sempre tem mil manhãs pra me lembrar que relacionamento é assim. Cheio de altos e baixos, igual montanha russa ou a ladeira da minha casa.

Obrigado por me fazer carinho, gosto bastante. Mas chega de mordidas, marcam muito. Por sempre segurar minha mão, a gente anda junto. Por sussurrar eu te amo no meio do nada, assistindo caçadores de mitos no discovery channel. Por cuidar de mim como amigo, mesmo quando não espero que o faça. Por fazer aquele arroz com macarrão que ora queima, ora salga. Mas tem o seu tempero.

Quando você chega e me olha com essa cara de menino faceiro, sinto queimar por dentro. É uma coisa boa pra quem esperou a semana inteira no frio. Esses dias te apresentei a Fernanda Mello. Garota foda, sotaque apaixonante.

Discordo mesmo é quando ela diz que amor é calmo, sem borboletas no estômago. Tenho um monte delas guardadas em mim, daquelas bem coloridas. Mas gato,  assino embaixo quando ela diz que quer um amor pra dividir o chão. A gente construiu o nosso tão devagar e embora tenhamos trepidado o alicerce ficou bem firme.

Meu coração é tolo, vive em sobressalto. Uma mensagem, uma ligação. E nossa, você tem se superado. Nosso amor é assim, estranho, contestador, rebelde. Ou como você sempre insiste: é simples demais!

E ainda quer que eu acredite que não preciso ter medo. Só uma idiota não sentiria medo de perder sua melhor parte. É matemática, lógica e prática. Vou sempre sentir ciúme de quem se aproxima demais. Vai que numa olhadinha mais de perto, alguém te enxerga pra valer.
Fica a dica: demonstre um pouquinho de medo, de ficar longe, me perder, assim nunca vou me sentir numa via de mão única.

Ah, anota aí. Eu sempre vou querer você. Das formas possíveis, conhecidas e quiçá imagináveis. Pode me chamar de safada. Só preciso esclarecer que a verdade não é bem essa. Gosto dos nossos corpos juntos, suados, ritmados. Sinceramente, gosto mais do pertencer. Quando estamos ali, juntos, você é meu. Em todo âmbito e sentido desse pronome possessivo.

Calma. Não tenho ilusões quanto a ser eterno (embora queira que dure pra sempre). Um dia quem sabe a gente se case, tenha filhos, more na Irlanda. Ou, sendo realista, a gente se separe. Só sei, melhor, tenho certeza, que quando acontecer vou me apaixonar de novo e de novo por você. Porque meu mundo sempre foi um lugar pequeno demais até mesmo pra mim. Era chato, sem graça e uma confusão forjada.

Foi só ao te conhecer que passei a querer um mundo grande, feito de nós. A gente se entende, se inventa, se recria. Não porque você é um príncipe, ainda bem, mas porque é o lobo mau que consegue ser humano.

Enfim, é assim que te amo (graças aos bons poetas), de um jeito piegas e totalmente feito de mim.         

                                                                                              sam/agosto